quinta-feira, 6 de setembro de 2012

La Celula e FITE 2012



Participei do I FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO ESTUDANTIL que aconteceu no me de setembro de 2012, na cidade de Porto Alegre, que tem como objetivo conhecer e reconhecer o que se está a fazer de teatro nos espaços de aprendizagem. O Festival recebeu trabalhos de todas as partes do Brasil e trabalhos oriundos dos Países de Cingapura e Argentina durante todos os dias nos Teatros Municipais da cidade. 
Acompanhei diversos trabalhos, mas um deles chamado: La Célula me tocou profundamente e me encheu de orgulho, pela seriedade e qualidade do fazer teatral. Representando Buenos Aires, um grupo de jovens atores do Instituto Universitário Nacional Del Arte-IUNA coloriram o festival. As portas do Teatro de Câmara Túlio Piva estavam fechadas e uma deliciosa fila formava-se no hall de entrada do Teatro, no horário marcado fomos direcionados a platéia. 
Deparamos-Nos com um cenário muito bem estruturado, grandiosidade feita com parafernálias suscitou dois espaços cênicos: uma taberna e uma rádio. Os Sete atores narram à história de uma trupe de anarquistas que sonham dar o golpe revolucionário no sistema capitalista, Seis mulheres e Um homem com personagens distintos, todos com uma composição corporal expressiva, com muitos cacoetes, como a da personagem Esperta que tinha uma perna engessada e a outra intitulada como Chefe que possuía uma caminhada pesada e marcada, também tinham um belo trabalho de voz, variação de agudo e grave ajudava a dar clima e teatralidade para o espetáculo. 
O Jogo de cena era incrível e sutil entre os dois espaços cênicos, marcações feitas com muito esmero e sem perder a espontaneidade adquirida no processo de criação que se deu a partir de jogos de improvisação da temática abordada.
Entretanto a história era permeada por amor e seu conflito, com isso a personagem intitulada Esperta, resolveu tirar do caminho suas parceiras revolucionárias para ficar com seu amado engenheiro, colocando por água a baixo o golpe revolucionário.
O Núcleo da rádio pirata, que tinha como foco, incentivar a população para a possível revolução, usou do texto composto pelos próprios atores e da linguagem da música em suas interpretações.
A Iluminação do espetáculo foi muito bem arquitetada por uma das atrizes do grupo, que usou de muita propriedade para criar o jogo de luz; ela usou de imagens captadas em outros espaços para inspirar-se na composição do espetáculo.
Após o espetáculo, dois analisadores começaram a discussão sobre o processo de trabalho do grupo e levantando um debate com a platéia, no qual eu fiz duas perguntas para o grupo, uma delas questionei sobre a dificuldade ou não de se trabalhar com um grupo grande de pessoas, (Sete atores) e suas disponibilidades de horários: o grupo me respondeu que sim, essa dificuldade existe, mas que eles usavam a madrugada para trabalhar e que dividiam os núcleos cênicos, como a rádio e os anarquistas, para conseguirem ensaiar mais. Em outra pergunta quis saber se lá em Buenos Aires muitos grupos se constituiam na Universidade, e falei que em Pelotas, por condições de estruturas e falta de incentivo público, tínhamos essa dificuldade de grupos que se deslocassem dos campos da Instituição e tivessem vida própria: Responderam que é muito complicado também lá, mas que eles eram parte de uma outra realidade, que estavam fundando aquele grupo e com muita vontade de trabalhar e fazer teatro. Que bom e que assim continue.

Post de Francesco D'Avila

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